INGMAR BERGMAN
Em 1957 Ingmar Bergman estava no topo do mundo. Foi um ano de produção cinematográfica sem precedentes - o realizador sueco estava envolvido em 6 projetos ao mesmo tempo. O documentário: "Bergman: A Year in a Life" entra na intimidade e celebra o centenário de um dos nomes mais revolucionários e influentes da história do cinema. 1957 foi o ano de Ingmar Bergman.
O documentário "Bergman: A Year in a Life", sobre a curiosa figura do cineasta e dramaturgo sueco, estreou no último Festival de Cannes e foi celebrado na Noite do Cinema Europeu, em Budapeste.
Um documentário centrado no ano da vida do realizador - 1957 - que assistiu a seis grandes produções do realizador e colocou o nome Ingmar Bergman na história do cinema. Uma obra da realizadora e jornalista sueca Jane Magnusson.
"Bergman ajudou muitas gerações a descobrir os sentimentos e as emoções humanas de ângulos diferentes. A geração mais jovem não conhece muito bem toda a carreira e os filmes de Bergman. Este documentário é perfeito para que os jovens possam entrar no mundo de Bergman", explica Péter Donáth, da Elfpictures.
Um filme que pretende mostrar a personalidade do artista e do homem na vida privada.
"Na década 30, era um adolescente a estudar num programa de intercâmbio na Alemanha e ficou impressionado com Hitler. Ele escreveu sobre isso depois. Este documentário menciona esse aspeto e acrescenta um pormenor: ele apoiou Hitler durante muito tempo, mesmo depois de 1945. Demorou muito tempo até que Bergman percebesse o que se passou realmente durante a era nazi", acrescenta o especialista em questões sobre Bergman Gábor Gelencsér.
"Bergman fala sobre si próprio em todos os filmes. Os atores são as ferramentas através das quais transmite os seus problemas, dúvidas e medos. Ao mesmo tempo, conseguiu encontrar uma forma de nos contar o caos da sua vida privada. É possível revermo-nos a nós próprios nos seus problemas", conclui Andras Murai da Universidade de Budapeste.
"Bergman: A Year in a Life" está nomeado para os Prémios do Cinema Europeu e expõe as várias faces e facetas de Ingmar Bergman.
Nasce no ano de 1918 em Uppsala, filho de um pastor protestante. Frequentou a Universidade de Estocolmo onde estudou Literatura e História de Arte antes de começar a trabalhar como assistente de produção na Ópera Real de Estocolmo. Diz-se que inventou uma nova linguagem cinematográfica abarcando uma grande variedade de temas e tons. Entre os temas mais destacados encontra-se o seu fascínio pela mulher. Para além do cinema, terá participado em mais de centenas de produções teatrais. O mundo metafísico da religião influenciou o realizador tanto na sua infância como adolescência, a sua educação teve por base princípios luteranos como "pecado, confissão, castigo, perdão e redenção". O ritual do castigo e outras peripécias da sua infância aparecem representadas numa das suas melhores películas ”Fanny & Alexander”, onde Alexander é um menino de 10 anos que tem muitas coisas em comum com o pequeno Bergman. Progressivamente, o jovem realizador procurou uma forma de abrir caminho para os seus próprios sentimentos e crenças, afastando-se cada vez mais dos valores paternos com o fim de encontrar a sua própria identidade espiritual. Apesar de tudo isto, Bergman, durante toda a sua vida, mantém sempre uma estreita ligação com a sua infância. Afortunadamente, encontrou no teatro e depois no cinema, os dois meios mais apropriados para expressar o seu complexo mundo interior e potêncial criativo. No entanto, as imagens e valores da sua meninice que o seguiriam para o resto da sua vida, haviam-no inundado com questões da esfera metafísica: Deus, o Demónio, a morte, a vida, a dor, e o amor. Os dramaturgos, Henrik Ibsen e sobretudo August Strindberg, influenciaram-no e apresentaram-lhe um mundo onde se manifestavam os grandes temas que tanto o atraíam, carregados de uma atmosfera dramática, agoniante e algo desesperante também, o que deixa uma marca profunda no espírito do jovem Bergman e uma marcada influência na sua obra artística. A sua narrativa visual procura ser deliberadamente lenta, com uma montagem e uma sequência de planos comedidos, isto com o final de deixar tempo suficiente para que os espectadores possam reflectir, mesmo quando eles já estão presos na trama. É recorrente na maior parte da filmografia do cineasta sueco, que os seus personagens sejam atravessados pelos mesmos caminhos em que entram. Tratam-se de trajectórias que os levam de volta a si mesmos, em direcção à sua própria alma, em direção à sua própria consciência. São jornadas íntimas e enigmáticas, que muitas vezes se apoderam do espectador, transportando-o para uma experiência estritamente pessoal e perturbadora, na medida em que as personagens percebem essa trajectória sobrecarregada por um denso drama, que envolve despojar a alma humana de maneira genérica. Essa trajectória termina em alguns casos na loucura ou na morte, noutros, num estado de graça, um momento metafísico que permite às suas personagens compreender mais sobre a sua realidade, uma revelação que os iluminará e transformará o curso das suas vidas. Em alguns casos servirá para exorcizar, conjurar e dominar os fantasmas que perturbam a alma da personagem.